Resenha: Todo dia de David Levithan

”Acordo. Imediatamente preciso descobrir quem sou. Não se trata apenas do corpo – de abrir os olhos e ver se a pele é clara ou escura, se meu cabelo é comprido ou curto, se sou gordo ou magro, garoto ou garota, se tenho ou não cicatrizes. O corpo é a coisa mais fácil à qual se ajustar quando se está acostumado a acordar em um corpo novo todas as manhãs. É a vida, o contexto do corpo, que pode ser difícil de entender.”

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David Levithan, mostrou-se um escritor incrível. Nesse livro, ele levou a criatividade a um novo patamar. Confesso que só conhecia o trabalho de David pelo livro que ele escreveu em parceria com o John Green – Will & Will. Esse é o primeiro livro só do autor que leio e com certeza não será o último. Uma das primeiras coisas que chamou minha atenção foi a capa, que é lindíssima e ao mesmo tempo diferente. Depois, me interessei pela história e pelo fato de eu realmente não saber como ela iria se desenrolar.

Toda manhã A. acorda em um corpo diferente. Já foi mulher, homem, doente, homossexual, dependente químico, magro, obeso. Não importa qual seja seu corpo, ele precisa se adaptar. Para tornar as coisas mais fáceis, ele consegue acessar a memória das pessoas em que está habitando, sabendo como ela pensa e age. Com essas informações, ele pode fingir perfeitamente ser aquela pessoa sem influenciar na vida dela.

A vida de A. é guiada por duas regras fundamentais: não interferir e nunca se apegar, apenas tentar passar o dia da melhor forma possível e aceitar que essa é a vida que leva.

Em um dia normal, A. desperta no corpo de Justin, ele é só mais um, e amanhã será apenas uma vaga lembrança. Ele toma café e vai até a escola. Ao chegar lá, ele descobre que Justin tem uma namorada. Seu nome é Rhiannon,  incrivelmente bonita e vulnerável. Ela faz tudo por Justin, embora ele não dê valor. A. logo percebe o quando ela é triste por isso e como seu humor depende das ações do namorado. É aí que ele faz o que não deve. Resolve matar aula para levar Rhiannon até a praia. Lá eles passam um dia maravilhoso, conversam e trocam beijos. Ela fica muito feliz, no fundo não acreditando que aquele seja o Justin que ela namora. A. resolve ser por um dia, tudo aquilo que Justin não é. Conforme o dia vai passando, A. sabe que não vai esquecer de Rhiannon. No fim do dia, ele se despede, com o desejo de poder vê-la sempre. Com o desejo de poder ser uma pessoa normal.

No outro dia, ele acorda como Nathan. Ele é um bom garoto. Seu quarto é arrumado, faz o dever de casa e tem uma boa família. A. acorda e vai checar seu e-mail. Como ainda lembra da senha de Justin, decide invadir a conta dele a fim de descobrir onde o casal estaria hoje. Logo ele descobre que há uma festa na casa de um amigo de Justin. Quebrando as regras novamente, ele mente para os pais de Nathan e vai até a festa, onde conversa com Rhiannon e até dança com ela. Ao sair de lá, percebe que é quase meia noite e que não vai chegar a tempo em casa, então para o carro em um acostamento e dorme ali mesmo, torcendo para que fique tudo bem com Nathan e pedindo desculpas silenciosamente.

ImageEsse acontecimento mudaria o rumo das coisas, uma vez que Nathan colocou na cabeça que não estava controlando o próprio corpo no dia da festa. Ele começou a espalhar que estava possuído e a notícia logo aparece nos jornais. Ao entrar na sua conta de e-mail, A. vê que recebeu algo de Nathan, onde ele exige saber quem ele é e o que fez com ele naquela noite. Imediatamente, A. percebe que deixou seu e-mail logado no computador de Nathan, esquecendo de limpar o histórico. Ele sabia que não se livraria do garoto tão cedo.

Ao mesmo tempo, A. tenta entrar em contato com Rhiannon todos os dias, em mil formas e corpos diferentes. Sabendo que está apaixonado por ela, resolve correr um grande risco: contar toda a verdade. Agora o destino de A. está nas mãos de Rhiannon. Ela deve escolher entre A. e seu namorado e também conviver com o fato de estar com uma pessoa diferente a cada dia.

Mas como esperar que uma pessoa com uma vida normal possa se adaptar ao estilo de vida de A.? E até quando interferir na vida dos outros corpos é justo?

Descubra você mesmo.

”Que história é essa sobre o instante em que você se apaixona? Como uma medida tão pequena de tempo pode conter algo tão grande? De repente, percebo por que as pessoas acreditam em déjà vu, por que acreditam em vidas passadas; porque não há meio de fazer com que os anos que passei na Terra sejam capazes de resumir o que estou sentindo. O momento em que você se apaixona parece carregar séculos, gerações atrás de si – tudo isso se reorganizando para que essa interseção precisa e incomum possa acontecer. Em seu coração, em seus ossos, por mais bobo que você saiba que é, você sente que tudo levou a isso, que todas as flechas secretas estavam apontando para este lugar, que o universo e o próprio tempo construíram isso muito tempo atrás, e agora você acaba de perceber que chegou ao local onde sempre deveria ter estado.” (pág. 25)

Carolina Ignaczuk

Resenha: A 5ª Onda de Rick Yancey

”Depois da primeira onda, só restou a escuridão. Depois da segunda onda, somente os que tiveram sorte sobreviveram. Depois da terceira onda, somente os que não tiveram sorte sobreviveram. Depois da quarta onda, só há uma regra: não confie em ninguém. Agora A QUINTA ONDA está começando”…

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Para os amantes de ficção, aqui vai uma sugestão de leitura incrível. A 5ª Onda é uma trilogia do autor Rick Yancey, que era apenas um auditor fiscal com o lindo sonho de ser escritor. Após 12 anos na profissão, Rick resolveu largar o emprego para dedicar-se a escrita. Yancey mostrou-se um escritor incrível. Em um livro de ficção, alienígenas e fim do mundo, ele consegue nos fazer dar boas risadas. Com uma escrita simples e personagens de muita personalidade, a 5ª Onda é uma história sobre coragem e acima de tudo, sobre o amor entre irmãos.

Cassie é uma menina de 16 anos totalmente normal. Tem uma família feliz, mãe, pai e um irmãozinho chamado Sammy. Como toda adolescente normal, é apaixonada pelo cara mais popular da escola: Ben Parish. Até então, o único problema de Cassie era seu amor não correspondido. O mundo como ela conhece vem abaixo com a chegada dos Outros (nome utilizado para falar dos alienígenas). Os Outros não são alienígenas normais. Desde a chegada, muito se especulou sobre eles. A verdade é que ninguém sabe nada sobre eles. Nem sua aparência, nem seus objetivos reais na terra.

Depois de perder a mãe, Cassie e sua família partem em direção a algum lugar seguro. Nesse novo mundo, qualquer pessoa pode ser o inimigo, um inimigo invisível. Ao andar por várias cidades, encontram um acampamento, com soldados, água e comida. Finalmente pareciam estar em segurança. Todos no abrigo ajudam uns aos outros ao mesmo tempo em que traçam planos para descobrir o que os Outros querem com os seres humanos. O plano é mover todas as pessoas para um abrigo melhor e crianças são as prioridades. Um ônibus amarelo cheio de soldados aparece para buscar todos que são menores. Sammy não quer ir sozinho, mas seu pai o obriga a embarcar dizendo que ele estará em segurança desse jeito. O menino deixa seu urso de pelúcia com a irmã, para quando ela estiver com medo e quiser alguém para abraçar. Cassie promete que irá buscá-lo, mas sabe que algo errado está acontecendo. Logo após a saída do ônibus, ocorre um massacre no acampamento. Os soldados que antes eram confiáveis, agora estão estourando os miolos das pessoas com armas. Um desses soldados, o comandante Vosch, mata seu pai na sua frente. Então, sem saída, ela corre.

Correndo desesperadamente, ainda em choque, dá de cara com um silenciador, (nome que ela dá aos alienígenas) que atira em sua perna mas não tem coragem de matá-la. Atordoada e machucada, Cassie se esconde na floresta, com o fuzil em uma mão e o urso em outra. Desmaiada e sem forças, quando acha que sua vida está chegando ao fim e que é o último ser humano na face da terra, ela acorda em uma fazenda. A propriedade pertence a Evan Walker, que por sinal, é extremamente bonito, o que deixa Cassie mais a vontade, afinal, o fim do mundo com um cara tão bonito não poderia ser tão ruim. Poderia?

Até então, Cassie achava que permanecer sozinha era a chave para permanecer viva, mas existe algo em Evan que a conforta. Ele também foi vítima dos Outros, perdeu sua família e namorada. Agora ela precisa manter a promessa feita ao irmão e irá voltar para buscá-lo, mesmo sabendo que ele pode estar morto. Enquanto se recupera dos ferimentos, Cassie percebe uma série de coisas estranhas em Evan: O que ele faz quando sai toda noite? Por que ele a resgatou? Por que suas mãos são tão macias, já que ele vive em uma fazenda?

Cassie tenta manter a sanidade em um mundo dominado pelo caos. A 5ª Onda é um livro sobre perdas e escolhas, entre a vida e a morte. Uma história nada clichê, com uma trama surpreendente.

Carolina Ignaczuk

Resenha: O menino do pijama listrado

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Existe algo incrível em relação a esse livro. Os personagens, a forma como a história é escrita e se desenvolve, suas expressões simples e inteligentes. O que o torna ainda mais incrível, é o fato de que o autor John Boyne escreveu o livro em apenas 2 dias e meio.

A história acontece em meio ao holocausto, quando os judeus foram obrigados a esquecer suas antigas vidas e aprender a viver em um campo de concentração, vigiados pelos soldados de Hitler.

Bruno é um menino de 9 anos que ama sua vida em Berlim. Lá ele tem uma grande casa (de 5 andares), 3 melhores amigos pra vida toda e uma irmã chamada Gretel, também conhecida como Caso Perdido. O pai de Bruno é um soldado muito importante e todos sabem que O Fúria tem grandes planos para ele.

Um dia, ao chegar em casa, Bruno se depara com a empregada Maria arrumando todas as suas coisas em grandes caixas. Foi quando sua mãe apareceu para dar a má notícia: eles iriam para outra casa, em outro lugar. Mesmo com a insistência de Bruno para que continuassem morando ali, a família mudou-se para bem longe, o que deixou o menino muito triste. Eles viviam fazendo sacrifícios pelo trabalho do pai.

Bruno odiou a nova casa. Não era tão grande quanto a de Berlim (tinha apenas 3 andares) e certamente não havia ninguém para brincar. Passou a maior parte dos dias tendo aulas com sua irmã em casa, lendo e olhando pela janela de seu quarto, então percebeu que não muito longe dali, existia um lugar cheio de pessoas que vestiam um mesmo uniforme listrado. Bruno não entendia quem eram essas pessoas e quando perguntou ao pai, ele explicou que não precisaria se preocupar com elas.

Entediado ao extremo, Bruno decide explorar o lugar, afinal, fazia isso o tempo todo em Berlim. Andou por algum tempo e encontrou o lugar que observava de seu quarto. Chegando lá, avistou um menino sentado do lado de dentro da cerca. O menino era muito magro e estava muito pálido. Os meninos conversam e Bruno descobre que o nome de seu mais novo amigo é Shmuel. Quando se despedem, Bruno promete voltar no outro dia.

E assim ele faz, durante vários dias, ele sempre retorna para conversar com o amigo. Conversam sobre várias coisas e Bruno sabia que Shmuel seria seu melhor amigo pra vida toda.

A partir disso, o pior acontece.

Apesar de ser uma leitura fácil e simples, narrada por uma criança de 9 anos, O menino do pijama listrado nos faz viver as mesmas emoções dos personagens e nos faz ver a vida (e as pessoas) de uma forma diferente e única.

Carolina Ignaczuk

Resenha: Um Porto Seguro – Nicholas Sparks

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“Todo mundo tem um passado, mas ele se limita a ser apenas o passado. Você pode aprender com ele, mas não pode mudá-lo. A pessoa que eu conheço é aquela que eu quero conhecer ainda melhor…” Pág: 160

Não sei se é porque foi o último livro que li nessa semana, mas considero “Um Porto Seguro”, escrito por Nicholas Sparks, um dos melhores livros que já li. E um dos melhores livros dele, sem sombra de dúvidas. Comecei em um sábado e terminei domingo à noite. Me envolvi tanto com a história que não consegui parar de ler, perdi a noção do tempo diversas vezes, e me emocionei em cada uma das 414 páginas.

Quem me conhece, sabe que sou louca por todos os livros que ele escreve, e quando chega um novo lançamento, mal leio o título, já estou levando pra casa assim mesmo. Esse livro, em especial, foi uma grande surpresa pra mim. Conheci um outro lado de Nicholas, em uma história de suspense, tratando mais especificadamente sobre a violência doméstica, e o poder do amor.

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Katie começa a trama como uma mulher misteriosa, que chegou a cidade de Southport, Carolina do Norte, para recomeçar sua vida. Ela é garçonete em um restaurante a beira da praia, e faz o possível para não se envolver com ninguém, evitando criar raízes naquela cidade. Até Jo decidir alugar a cada ao lado, e se tornarem vizinhas.

Ambas com seus mistérios e segredos, acabam criando uma amizade pura e verdadeira, e ao poucos, Katie começa a se libertar de seu próprio casulo, revelando sentimentos que ela jamais pensou em compartilhar com alguém.

Alex é viúvo e tem dois filhos, dono de uma pequena loja de conveniências da cidade, e está aprendendo a conviver com a dor da perda. Se esforça em tentar ser o melhor pai do mundo, e o destino acaba aproximando Katie de Alex. Só que existem dois extremos na vida dos dois.

Enquanto ela não quer se envolver com alguém, confiar em ninguém e muitos menos compartilhar uma relação amorosa com um homem, ele é um aprendiz de pai, que tenta ao máximo ser uma boa pessoa, e que apesar de todas as provações, talvez estivesse disposto a recomeçar a vida – por mais difícil que isso possa parecer.

O grande problema são os traumas de Katie. Ela, ao mesmo tempo em que é linda, traz consigo um passado traumático, e definitivamente não está disposta a revelar-se e correr o risco de viver aquilo de novo. Mas ele é paciente e sabe esperar o momento certo – e sabe também que na hora certa, e se for pra ser, ela deixará de lado suas limitações e medos – para entregar-se ao amor.
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Sparks conseguiu mais uma vez me deixar apaixonada por mais uma de suas histórias. É uma trama bem construída, estruturada e com passagens únicas e emocionantes. Mesmo se você já assistiu ao filme (que está em cartaz no cinema), vale a pena. É bem diferente do livro, e cheio de detalhes surpreendentes. Para quem é fã dele, assim como eu, recomendo começar a leitura hoje mesmo! Com certeza é mais uma daquelas histórias que vão ficar na minha memória para sempre.

Quem é você John Green? Resenha de A Culpa é das Estrelas

De tempos em tempos aparece um escritor incrível, aclamado pela crítica e pelo resto do mundo. Posso dizer com convicção: John Green é um desses escritores.

Autor de A Culpa é das Estrelas, Quem é você Alasca, Cidades de Papel e O Teorema Katherine, John Green é com certeza minha inspiração. O modo como ele escreve é incrível. Cada livro possui uma história completamente diferente. A Culpa é das Estrelas é um desses livros super bem escrito, onde ele cria um livro dentro de outro. Uma escrita leve, simples e elegante que te prende do início ao fim.

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Embora seja classificado como juvenil, o livro não tem restrição de idade. Tenho certeza que qualquer pessoa que leia vai amar. Acredito que o sonho de qualquer um que escreva seja escrever o mínimo do que Green escreve.

Li A culpa é das estrelas no ano passado e quando terminei soube na hora que seria meu xodó eterno. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é um livro extremamente dramático. A doença da protagonista é abordada de uma forma divertida, até porque ela mesma lida com isso de bom humor.

Então vamos lá. Hazel Grace é uma adolescente com um câncer terminal, que passa a maior parte do tempo em casa, lendo e assistindo America’s Next Top Model. O seu livro preferido é ‘’Uma aflição imperial’’, de Peter Van Houten que termina sem explicação e deixa o leitor tirar suas próprias conclusões sobre o final do livro. Embora tenha mandado várias cartas e e-mails para o autor, nunca obteve nenhuma resposta. Essa é sua maior frustração.

Hazel passa a maior parte do tempo carregando um cilindro de oxigênio pra lá e pra cá, não pode ir à escola, mas pela insistência e preocupação dos pais, participa de um grupo de apoio, coisa que ela acha mórbida demais. Mas sua ideia muda rapidamente ao conhecer Augustus Waters, um sobrevivente do câncer que chamou sua atenção ao fazer um discurso, dizendo que não quer passar por essa vida sem ter significado nada. Após conhecê-lo, ela passa a frequentar o grupo de apoio, a fim de descobrir mais sobre Augustus (Ou Gus, como preferir). Os dois tornam-se amigos, então Hazel resolve emprestar seu livro preferido a ele, que é tomado pelo mesmo sentimento de revolta e também quer descobrir o que acontece no final do livro.

O livro seria o fator principal da aproximação dos protagonistas, que embarcariam em uma grande aventura para descobrir o que realmente acontece na história. Obviamente, os dois se apaixonam e a história que antes era leve e bem humorada, torna-se dramática. A doença pega os dois desprevenidos e eles terão que lidar com ela, ao mesmo tempo em que lidam com as complicações que é estar apaixonado.

Impossível não ler o livro em no máximo três dias, bem como, impossível não chorar. John Green é um desses escritores que encantam com seu modo de escrever, A culpa é das estrelas é a prova disso. Justamente pelo fato do livro ser tão incrível, ele está sendo adaptado para as telonas. Na fanpage oficial do autor é possível ficar por dentro de tudo o que acontece nos bastidores da adaptação.

Se você ainda não leu nenhum livro dele, está esperando o que?

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Carolina Ignaczuk

Resenha: A última carta de amor – Jojo Moyes

“E, se sentir que foi a decisão acertada, saiba ao menos isso: em algum lugar deste mundo há um homem que a ama, que entende o quão preciosa, inteligente e boa você é. Um homem que sempre a amou e que, por mais que tente evitar, desconfia que sempre a amará.” – pág. 226

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A última carta de amor é muito mais que um livro de capa bonita. É uma história deslumbrante. Daquelas que você se arrepende de nunca ter escrito, de tão bem pensada e tão maravilhosamente bem escrita. É divido em três partes, alternando passado e presente, até as duas histórias se encontrarem de uma forma inesperada. A autora do livro, jornalista e escritora, nos faz lembrar do poder das palavras escritas, o quanto elas podem carregar e de quanto sentimento cabe em um rastro de tinta em uma folha de papel.

Nos dias de hoje ninguém presta atenção no quanto as palavras são sim importantes e o quanto fazem diferença na nossa vida. Além disso, o livro nos mostra que vale a pena correr atrás da nossa felicidade, independente dos sacrifícios que serão feitos. São duas mulheres, duas épocas diferentes, e a mesma história extraconjugal. A autora mostra os dois lados da moeda, e nos faz parar e pensar em relação ao destino e desencontros que a vida dá sem nem ousarmos sonhar.

Jennifer sofre um acidente de carro e perde a memória, não consegue se lembrar de nada. Ao voltar para a sua casa e seu marido, aos poucos, pequenos fragmentos vão voltando a sua cabeça e ela começa a encaixar as peças do quebra-cabeça de sua vida. O drama começa quando ela encontra, dentro de um livro, uma carta de amor. Ela percebe que é endereçada a ela e assinada apenas por uma letra: B. A partir de então, começa a sua busca por esse grande amor perdido no tempo.

A história de Jennifer é passada nos anos 60, em Londres. Submissa ao marido, em uma época onde não era permito a mulher ter seu próprio pensamento, quanto mais um novo amor. Ao encontrar um homem que a valoriza pelo que ela é, que gosta de saber sua opinião, e que não está atraído apenas por seu belo rosto, ela se encanta e se apaixona por B. O problema é que ela tem um marido, e naquela época uma mulher divorciada estaria condenada perante os olhos da sociedade.

Ellie é a mulher que acompanhamos no presente. É jornalista, e uma das cartas de amor aparece em suas mãos por acaso. Ela é independente, nunca se preocupou com maridoefilhos (uma palavra só, como ela costuma dizer) e está em um caso extraconjugal com John. Ao ler esta carta cheia de amor e esperança, ela começa a se perguntar se o seu relacionamento a levará a algum lugar, e se John a ama realmente como o amor expresso naquele pedaço de papel. Para escrever uma matéria no seu jornal, ela resolve investigar qual a história por trás dessa carta misteriosa entre dois amantes. Mal sabe ela que isso irá mudar a sua vida.

A narrativa consegue te prender de uma forma desconcertante. A alternância de passado e presente acontece sem aviso, e mesmo assim a história consegue fluir de uma forma tão leve que o autor não fica confuso com essa troca de época. É uma trama sensível e encantadora, mas permeada por dor, perdas, começos e recomeços, que nos fazem questionar sobre coragem e escolhas.

A Última Carta de Amor começa como um livro triste, mas vai se transformando… Crescendo, trocando de pele e, quando você menos espera, termina como um belo livro, encantador e repleto de esperança. Uma linda metamorfose. Aproveitem cada página. De corpo e alma. Vicariamente.

Daniela Schwanke

Resenha: Morte e Vida de Charlie St. Cloud – Ben Sherwood

Morte e vida de Charlie St Cloud é um livro de Ben Sherwood que nos faz pensar que estamos nesse mundo apenas de passagem. Uma simples escolha pode definir nossa vida. Não recebemos uma segunda chance por acaso, precisamos acreditar em milagres, pois a morte é inevitável e temos que aprender a lidar com nossa dor.

Charlie St. Cloud é um bom garoto, acabou de se formar e vai para a faculdade. Seu irmão mais novo Sam está chateado, pois não quer que ele vá embora. Para aliviar a tristeza do caçula, Charlie faz uma promessa a ele: Eles treinariam baseball todos os dias, quando ouvissem o barulho dos canhões no final da tarde.

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Nesse mesmo dia, Charlie tem uma festa para ir, mas sua mãe precisa trabalhar até tarde no hospital e pediu que tomasse conta do irmão. St. Cloud tenta sair escondido, mas é flagrado por Sam, que exige ir com ele. Sem saída, os irmãos pegam o carro e saem em direção à festa.

Então o pior acontece. Um grande acidente, que deixa o carro em pedaços. Charlie percebe que está em um lugar diferente. Sam está lá também, mas nenhum dos dois sabe o que está acontecendo. Estão preocupados com a bronca que irão levar da mãe. De repente, Charlie sente-se voltando a realidade, enquanto Sam permanece no mundo paralelo. Desperta em uma ambulância, com paramédicos ao seu redor. Grita desesperadamente pelo nome do irmão, mas é tarde demais. Ele está morto. A sua irresponsabilidade matou a pessoa que ele mais amava na vida.

No dia do enterro de Sam, Charlie não suporta a dor e quer fugir o mais rápido possível. Correndo pelo cemitério, encontra seu irmão (ou melhor, o espírito de seu irmão) que diz calmamente: Você está atrasado. É quando lembra-se da promessa. Eles tinham um acordo. Jogariam baseball todos os dias, ao ouvirem o barulho do canhão.

Nos anos seguintes, Charlie desiste da faculdade e arruma um emprego no cemitério, assim, pode ver seu irmão com facilidade. Sua rotina é a mesma todos os dias, limpa os túmulos, espanta os gansos, cuida das flores e brinca com o irmão morto no final da tarde.

Em um desses dias de rotina, encontra Tess Caroll limpando o túmulo de seu pai. Ela é uma mulher forte e independente que está se preparando para dar a volta ao mundo em um veleiro. Charlie fica impressionado, pois costumava navegar com o irmão e eles eram muito bons. Mas desde o acidente, não conseguia entrar na água sem seu parceiro. Lembranças demais.

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Charlie convida a aventureira Tess para sair e ela aceita. Passam uma noite juntos, mas ela precisa ir. Vai iniciar sua grande aventura ao redor do mundo e fazer história. Quanto mais St. Cloud se aproxima dela, mais Sam sente-se como se estivesse desaparecendo. Após uma nova tragédia, Charlie tem que escolher entre o mundo dos mortos e dos vivos e consequentemente, entre seu irmão e seu grande amor.

Posteriormente, ele vai entender porque recebeu uma segunda chance.

Curiosidades

– O autor passou um bom tempo vivendo em um cemitério para escrever o livro de forma real e convincente;

– Charlie St. Cloud é interpretado por Zac Efron;

– O poema preferido do pai de Tess é de E. E. Cummings;

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“Confie em seu coração se os mares pegarem fogo. E viva pelo amor mesmo que as estrelas caminhem em direção oposta.”

(E. E. Cummings)

Carolina Ignaczuk

Resenha: Um dia de David Nicholls

”Você pode passar a vida inteira sem perceber que aquilo que procura está bem na sua frente”.
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Não consigo pensar em um livro de romance tão original quanto esse. Aclamado pela crítica (e com razão), o livro conta a história de Emma Morley e Dexter Mayhew (Emm e Dex, Dex e Emm), dois personagens extremamente diferentes e ao mesmo tempo apaixonantes.

Cada capítulo do livro de Nicholls representa um ano e um dia: 15 de Julho, dia de São Swithin. Essa data acompanhará Emma e Dexter pelos próximos 20 anos, entre encontros e desencontros.

Emma é uma garota inteligente, que sonha em ser escritora e sempre teve vontade de mudar o mundo. Não muito inteligente para relacionamentos, era apaixonada por Dexter, o cara mais bonito e popular da universidade. No dia 14 de Julho, na noite de formatura dos dois, Emma teria a chance por qual sempre esperou – ficar com Dexter.

Após passarem a noite juntos, percebem o quanto querem coisas diferentes para o futuro. Apesar disso, tornaram-se grandes amigos. Os anos se passaram e suas vidas seguiram rumos diferentes. Dexter consegue o que sempre quis, ser famoso, enquanto Emma trabalha em um restaurante Mexicano em Londres.

Os anos seguintes são tomados por uma série de decepções, novos amores, surpresas e reencontros. Com um enredo nada previsível, comovente e real, o livro nos faz pensar sobre as escolhas que fazemos e como elas interferem no nosso destino.

A adaptação do livro pras telonas não poderia ser melhor: Anne Hathaway incorporou a personagem de uma forma maravilhosa, tanto que não poderia pensar em outra pessoa para o papel de Emma. Jim Sturgess com certeza foi a escolha certa para o papel de Dexter e também não deixou nada a desejar.

A perfeição da adaptação é notória. Quem não gosta de adaptações literárias não tem como reclamar dessa – algumas falas são exatamente iguais as do livro.

Carolina Ignaczuk

Resenha: Como eu era antes de você – Jojo Moyes

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“Sei que essa não é uma história de amor como outra qualquer. Sei que há motivos para eu nem dizer isso. Mas eu amo você. De verdade.” (p.282)

Como eu era antes de você” é um daqueles livros que te faz ter um misto de emoções a todo instante. É comovente, intenso, triste, adorável e tocante. A história mais linda que já li na minha vida, e que não fala exatamente de amor. Fala acima de tudo da vida, do futuro e das nossas escolhas. É um daqueles livros que vai te marcar para sempre, e que vai fazer você refletir sobre o real sentido da vida.

Ao mesmo tempo que te faz sorrir, te emociona pela simplicidade dos atos e pela beleza dos gestos. Te mostra a dor de perder parte de quem você é, correndo atrás do tempo, tentando alcançar o inalcançável. Te mostra principalmente, que nem sempre o dinheiro compra a felicidade, e nem sempre a falta dele é sinônimo de tristeza.

É incrível que, apesar de ser uma leitora assídua de romances, ainda fico espantada com a força que as palavras exercem sobre mim. É muito mais forte do que qualquer outra coisa. É um sentimento profundo, que provoca um resgate de nós mesmos. E garanto a vocês, poucos livros conseguem esse efeito. Muitos são disfarçados em capas bonitas e romances comuns.

Comprei esse livro, por ter lido “A último carta de amor”, também da autora, e ficado encantada pela história. Assim que vi na livraria, comprei sem nem mesmo saber sobre o que se tratava. E meu Deus, que história! Devorei todas as 320 páginas em 48 horas, e a única coisa que se passou pela minha cabeça quando terminei foi: “Como eu vivia sem nunca ter lido essa história?”.

Lou é diferente das mulheres de sua idade. Ela se veste de forma singular e até bizarra, causando risadas de seus próprios familiares. É uma mulher que não tem muita ambição na vida e parece que vive suspensa no ar, em um mundo paralelo as demais pessoas. Ela mora com os pais, sua irmã, seu sobrinho e seu avô – que precisa de cuidados diários. Dorme em um quartinho que ao esticar os braços, consegue tocas as paredes.

Sua família passa por uma situação financeira delicada, e o emprego que ela tem em um café, é uma grande ajuda para seus pais. Além disso, namora com Patrick há quase sete anos – um homem obcecado por maratonas e exercícios físicos. Eles não parecem ter quase nada em comum, mas vivem acomodados em sua zona de conforto. Basicamente se relacionam de uma forma fria, o que é muito estranho vindo de um casal de namorados.

Quando Lou perde o emprego no café onde trabalhava por longos seis anos, se vê perdida, sem saber o que fazer. A única coisa que ela pensa, é que precisa arrumar um emprego o quanto antes, pois a pressão de sua família depender de seu dinheiro a sufoca. Sem muitas qualificações, ela consegue uma entrevista em uma casa, onde deverá atuar como cuidadora de um tetraplégico – e se surpreende quando consegue o emprego.

Will Traynor é homem a quem ela deve ajudar. Um cara muito mal humorado, que quase a faz desistir do emprego. Aos poucos, Lou, com todo seu jeito engraçado e destrambelhado, consegue adentrar o mundo de Will. Mas quando ela descobre que ele tentou se matar, e que daqui a seis meses pretende ir para a Dignitas, na Suíça, ela se desespera. Precisa fazer com que ele mude de ideia. Precisa fazer com que ele veja que a vida vale a pena. E tudo isso, em apenas seis meses. O que Lou não contava é que Will também mudaria a sua vida para sempre.

Até o último capítulo você nem imagina os rumos que essa história alcança. Recomendo muito para os fãs de romance, mas também, convoco a todos a tirar um tempo de sua rotina para viver essa história mágica que mudará para sempre suas vidas. Boa viagem!

Dani Schwanke